Colégios Tecnológicos de Goiás entregaram mais de 1500 conjuntos de moletom para famílias em situação de vulnerabilidade social Publicado em: 23 de julho de 2025

Campanha do Agasalho do Cotec abraçou crianças de zero a 12 anos, com a doação de roupas que foram produzidas por estudantes dos cursos de Corte e Costura da rede de ensino
Os Colégios Tecnológicos de Goiás realizaram a entrega de 1525 conjuntos de agasalhos infantis para famílias em situação de vulnerabilidade social em 11 cidades do estado. O projeto de Confecção de Moletons da rede de ensino mobilizou, em apenas 20 dias, 290 estudantes de várias turmas do curso de Corte e Costura, que se juntaram para produzir as peças de frio. As doações foram entregues entre os dias 10 e 19 de julho nas cidades onde os cursos foram realizados. E parte da produção foi entregue, ainda, à Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) para distribuição em Goiânia.
A neta de Silvana Miranda, Noemi Miranda, foi uma das beneficiadas pelo projeto, em Trindade. Ela conta que a doação veio em boa hora. “Foi a melhor coisa que nos aconteceu porque nós não temos condições de comprar roupas de frio para minha neta”, comenta a avó. Já Noemi aprovou o presente que recebeu. “Eu gostei muito, é muito lindo, eu amei, a blusa é bem quentinha. Vou para escola, para a igreja, e todos os lugares que estiver frio”, discorre a neta, com sorriso no rosto.
Noemi Miranda recebe conjunto de moletom produzido por estudantes de Corte e Costura da UDEPI Trindade, gerida pelo Cotec Padre Antônio Vérmey (Foto: Ana Luiza Reis)
Thamyres de Jesus participou também da ação naquela manhã, quando recebeu dois conjuntos que vão ser usados por seus filhos Emanuelly, de dois anos, e Paulo Emanuel, de cinco. “Eu recebi a mensagem pelo meu celular. Fui pega de surpresa com a notícia. Fiquei muito ansiosa para que o dia de hoje chegasse, e poder receber as roupas de frio para meus filhos. Me levantei bem cedo para esperar o pessoal da van. Gostei bastante, as roupas são muito bonitas e vão protegê-los do frio”, relata Thamyres, que é morada do Setor Cristina, em Trindade.
O pequeno Samuel Leal, de apenas dois anos, também foi contemplado na ação. A avó, Maria Dalva dos Santos, agradeceu a oportunidade. “A gente ficou muito feliz, eu estava ansiosa para vir pegar o conjunto. Eu e ele gostamos muito. O Samuel merece esse presente. Ele é uma criança muito sorridente e tem muita energia. Estamos muito gratos ao Cotec por termos sido escolhidos. Se o Samuel foi beneficiado, a nossa família também foi beneficiada”, destaca Maria Dalva, que mora no setor Jardim Skala.
Maria Dalva dos Santos chegou cedo ao CRAS Laguna para receber o conjunto destinado ao neto, Samuel Leal (Foto: Ana Luiza Reis)
Projeto Cotec
O projeto de Confecção de Moletons foi planejado a partir da demanda dos próprios estudantes e professores dos diversos cursos de moda oferecidos pelo Cotec. Motivada ainda por notícias sobre a chegada de frentes frias severas em Goiás, a equipe de ensino decidiu colocar o projeto solidário em prática, como explica o gerente de Ensino do Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia (CETT), Alex Vieira.
“Com a chegada do período de inverno, encontramos a oportunidade perfeita para tirar o projeto do papel. Assim, fizemos a alteração dos insumos que já são disponibilizados para a execução dos cursos de Corte e Costura, trocando os tecidos de algodão cru por moletom. Sem custos adicionais, a ação permitiu alinhar o ensino e a prática dos estudantes a uma demanda das comunidades locais”, afirma.
Esta é a primeira vez que várias unidades se unem para desenvolver uma ação em rede. O projeto envolveu turmas de Catalão, Campo Alegre de Goiás, Cidade de Goiás, Faina, Cabeceiras, Goianésia, Jaraguá, Trindade, Uruana, Itapuranga e Santa Terezinha de Goiás. Luana Cristina Silva participou da turma do Curso de Corte e Costura ofertado em Trindade. Ela, que trabalha há quase 30 anos no ramo, reconhece a importância das aulas para o aprimoramento de técnicas para a costura. “Eu trabalhei muitos anos em confecção, aos 11 anos tive meu primeiro contato e nunca mais parei. E hoje, aos 40, posso dizer que a profissão abriu as portas para mim. E apesar de tanta experiência sempre tem algo a se aprender, e o curso me proporcionou conhecer mais”, relata a estudante.
Luana Cristina Silva buscou o Cotec para se aprimorar e aprender novas técnicas de corte e costura (Foto: Wéber Félix)
O curso de Corte e Costura também é o primeiro passo para as estudantes Deuza Pereira, de 69 anos, e Hérica de Araújo, de 26 anos, realizarem seus sonhos. Deuza conta que o Cotec permitiu a ela construir uma nova carreira após a aposentadoria. “Eu sempre tive vontade de fazer algum curso na área, só que, por eu trabalhar fora não tinha como, aí quando eu parei de trabalhar como doméstica, eu disse para mim mesma que seria o momento para eu correr atrás, e entrei para a Escola em novembro de 2023 e, desde então, venho me capacitando. Já estou no Cotec há dois anos, e sempre que abre uma turma eu me inscrevo. Ainda vou comprar a minha máquina para poder trabalhar em casa e pôr em prática o que eu aprendi aqui”.
A moradora de Trindade, Deuza Pereira, realizou vários cursos no Cotec voltados à confecção de roupas (Foto: Wéber Félix)
Já Hérica, pessoa com surdez, conta que foi acolhida pelo Cotec, principalmente por ter tido a oportunidade de ter uma intérprete de libras para ajudá-la durante as aulas. “É maravilhoso fazer o curso aqui no Cotec, sempre tive vontade de aprender a costurar e quero me aperfeiçoar cada vez mais para poder ter o meu próprio negócio. E com o Cotec, esse sonho está mais próximo de se tornar realidade porque conto com o suporte da intérprete, o que me ajuda no processo de aprendizado, algo que não teria em outra instituição de ensino profissionalizante”, afirma a estudante.
Hérica de Araújo (ao centro) sonha abrir seu próprio negócio, e para isso, vai continuar o processo de aperfeiçoamento no Cotec (Foto: Wéber Félix)
A iniciativa, além de proporcionar a formação técnica e profissional dos estudantes, cumpre um importante papel social, um dos pilares dos Colégios Tecnológicos de Goiás, como é lembrado pela professora do Curso de Corte e Costura, Valéria Bonatto. “Esse curso foi construído a partir da necessidade de pessoas carentes de ter um agasalho, isso nos motivou, ainda mais, a dar o melhor de nós e podermos ao fim entregar algo para a sociedade. Para mim, estar nessa posição é muito gratificante por contribuir primeiro com a formação desses estudantes e, segundo, por fazer parte dessa equipe que se empenhou em ajudar outras pessoas”, argumenta a professora ao destacar o sucesso alcançado ao fim do curso com 23 estudantes, responsáveis pela produção de 150 conjuntos, que inclui uma blusa e uma calça.
A professora do Cotec, Valéria Bonatto, sente-se orgulhosa de estar à frente das turmas de Corte e Costura, principalmente, por contribuir com a realização dos sonhos de seus estudantes (Foto: Wéber Félix)
“É muito bacana o que estamos fazendo, nos juntamos para fazer essa doação, com muito amor e carinho para quem precisa de ajuda. Mesmo que não se tenha uma condição financeira para isso, é possível que se doe tempo, como estamos fazendo nesta ação, estou muito grata por esta oportunidade”, complementa a estudante Luana Cristina Silva.
Turma de Corte e Costura da UDEPI de Trindade confeccionou 150 conjuntos de moletom para serem doados (Foto: Wéber Félix)
Instalações da UDEPI destinadas às aulas dos cursos de Corte e Costura em Trindade (Foto: Wéber Félix)
Ana Lívia veste conjunto de moletom produzido por estudantes do Cotec, em Trindade (Foto: Wéber Félix)
As peças produzidas atendem crianças de zero a 12 anos completos (Foto: Wéber Félix)
Somente em Trindade, foram produzidos 150 conjuntos, que incluem calça e blusa (Foto: Wéber Félix)
Mais de 1500 conjuntos de moletom foram produzidos pelos estudantes do Cotec, entre os meses de junho e julho (Foto: Ana Luiza Reis)